terça-feira, 31 de maio de 2016

Cadastro abre vagas de emprego a deficientes em Campinas

Um projeto inédito de inclusão de deficientes, que mude a cultura do mercado de trabalho, disponibilizando vagas comuns (que não sejam endereçadas a deficientes exclusivamente) foi proposto nesta segunda-feira (30) pela Prefeitura. A proposta é criar um cadastro geral para envio de currículos pelos interessados e de vagas pelas empresas e já foi encaminhada à Câmara para aprovação.
 
O governo municipal cruzará os dados e tentará encaminhar os deficientes para um emprego. “A maior reclamação das empresas em relação ao funcionário com deficiência é o turnover (a incapacidade de retenção no cargo). Pretendemos mudar isso”, disse a secretária Emmanuelle Alckmin, dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida.
 
A Prefeitura montou uma plataforma on-line, ainda sem nome, que servirá de ponte entre o trabalhador e as empresas, e disponibilizou toda a estrutura de psicólogos, assistentes sociais e demais profissionais do Centro de Referência da Pessoa com Deficiência (CRPD). Esse centro providenciará capacitação quando for necessário.
 
“Hoje, 14% da população de Campinas é deficiente ou têm mobilidade reduzida. São cerca de 300 mil pessoas de 1,2 milhão de habitantes. É muita gente”, pontuou o prefeito Jonas Donizette (PSB). “E se emprego está difícil para todo mundo, para a pessoa com deficiência é pior ainda. E o que essas pessoas querem não é dó, não é comiseração, mas igualdade de oportunidades.”
 
“Mesmo na crise, nós optamos em enviar este projeto para a Câmara porque é justamente nesses momentos que pessoa com deficiência fica mais esquecida”, disse Emmanuelle. “Nós precisamos mudar a cultura da empregabilidade. Entender que o deficiente tem talento, tem potencial que pode gerar economia”.
 
Esse é o caso, por exemplo, do cadeirante David Araújo, que trabalha há 11 anos na Bosch. “Entrei como auxiliar de produção, e há três anos sou auxiliar fiscal. “Quando eu era criança, eu não pude sonhar o que iria ser (profissionalmente). Mas, quando comecei a trabalhar, a ganhar o meu próprio dinheiro e a ser independente, eu pude escolher. Com o meu salário, eu consegui pagar a faculdade, e me formar em direito.”
 
Para a assistente social da Bosch, Marli Kellesli, que participou do processo laboral de Araújo, “todas as empresas serão beneficiadas com o projeto, porque ele é um avanço na inclusão, e responde a uma demanda que temos na cidade”.
 
Rosana Leh Dias, mãe do autista Mateus, de 19 anos, está esperançosa. “A gente tem o sonho de que os nossos filhos sejam independentes, sejam eles deficientes ou não. O que a gente espera é que tenham autonomia, renda, e que não dependam dos familiares para sempre, porque os pais não ficam para semente”. Além disso, ela ressalta que o autismo tem características muito marcantes em termos de competência, que podem ser aproveitadas pelas empresas. “Os autistas têm perseveração. São superdedicados ao trabalho. São empenhados e não faltam.”
 
O projeto foi encaminhado à Câmara nesta segunda. Passará por avaliação dos vereadores, e, se for aprovado, voltará para o prefeito para sanção. Após a assinatura do chefe do Executivo é que poderá começar a funcionar. A plataforma on-line, antes mesmo de ser lançada, já recebeu 248 currículos.
 
Fonte: Correio Popular
 
 

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