
O governo municipal cruzará os dados e tentará encaminhar os
deficientes para um emprego. “A maior reclamação das empresas em relação
ao funcionário com deficiência é o turnover (a incapacidade de retenção
no cargo). Pretendemos mudar isso”, disse a secretária Emmanuelle
Alckmin, dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida.
A Prefeitura montou uma plataforma on-line, ainda sem nome, que
servirá de ponte entre o trabalhador e as empresas, e disponibilizou
toda a estrutura de psicólogos, assistentes sociais e demais
profissionais do Centro de Referência da Pessoa com Deficiência (CRPD).
Esse centro providenciará capacitação quando for necessário.
“Hoje, 14% da população de Campinas é deficiente ou têm mobilidade
reduzida. São cerca de 300 mil pessoas de 1,2 milhão de habitantes. É
muita gente”, pontuou o prefeito Jonas Donizette (PSB). “E se emprego
está difícil para todo mundo, para a pessoa com deficiência é pior
ainda. E o que essas pessoas querem não é dó, não é comiseração, mas
igualdade de oportunidades.”
“Mesmo na crise, nós optamos em enviar este projeto para a Câmara
porque é justamente nesses momentos que pessoa com deficiência fica mais
esquecida”, disse Emmanuelle. “Nós precisamos mudar a cultura da
empregabilidade. Entender que o deficiente tem talento, tem potencial
que pode gerar economia”.
Esse é o caso, por exemplo, do cadeirante David Araújo, que
trabalha há 11 anos na Bosch. “Entrei como auxiliar de produção, e há
três anos sou auxiliar fiscal. “Quando eu era criança, eu não pude
sonhar o que iria ser (profissionalmente). Mas, quando comecei a
trabalhar, a ganhar o meu próprio dinheiro e a ser independente, eu pude
escolher. Com o meu salário, eu consegui pagar a faculdade, e me formar
em direito.”
Para a assistente social da Bosch, Marli Kellesli, que participou
do processo laboral de Araújo, “todas as empresas serão beneficiadas com
o projeto, porque ele é um avanço na inclusão, e responde a uma demanda
que temos na cidade”.
Rosana Leh Dias, mãe do autista Mateus, de 19 anos, está
esperançosa. “A gente tem o sonho de que os nossos filhos sejam
independentes, sejam eles deficientes ou não. O que a gente espera é que
tenham autonomia, renda, e que não dependam dos familiares para sempre,
porque os pais não ficam para semente”. Além disso, ela ressalta que o
autismo tem características muito marcantes em termos de competência,
que podem ser aproveitadas pelas empresas. “Os autistas têm
perseveração. São superdedicados ao trabalho. São empenhados e não
faltam.”
O projeto foi encaminhado à Câmara nesta segunda. Passará por
avaliação dos vereadores, e, se for aprovado, voltará para o prefeito
para sanção. Após a assinatura do chefe do Executivo é que poderá
começar a funcionar. A plataforma on-line, antes mesmo de ser lançada,
já recebeu 248 currículos.
Fonte: Correio Popular
Nenhum comentário:
Postar um comentário